quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Elefante Rei

O elefante que nasceu livre na floresta, hoje picadeiro e jaula de circo é tudo que lhe resta.

Sozinho no circo Holiday, lembra do tempo em que na selva vivia livre como um rei.

Lembra da mãe bonita e redonda, seu berço era aquele tromba.

Hoje sozinho e longe de casa, no picadeiro se sente boboca e ainda tem gente que lhe joga pipoca.

Na jaula na escuridão sente a tristeza da prisão. Sonha em voltar para a selva, rever a manada de amigos, correr na relva.

Mas no circo o elefante fica e de saudades de casa, na jaula se agita.

No dia a dia do circo domador grita. Exige obediência, ameaçando violência.

O forte elefante obedece sem resistência, pois elefantes são toneladas de inocência.

O homem quer ser dono de tudo no mundo, compra animais e prende, mas de liberdade esse homem nada entende.

Nas matinês de domingo no circo, o domador grita e não admite demora, ele manda o elefante para o picadeiro : - Agora!

Triste e cansado ninguém vê mas o elefante chora.

No picadeiro do circo, o domador ri e conta vantagem, ele pensa que tem coragem.

Ma só elefante pensa até fala:

- Aqui não fico não sou de circo!

- Qualquer dia fugirei! Sei que na floresta todo animal é rei!

E assim cansado de ser prisioneiro decidiu voltar para sua terra natal, queria ser livre como todo animal.

E foi de noite, escondido, que se deu o acontecido, arrebentou as grades da jaula que virou ferro retorcido.

- O elefante fugiu!

- O elefante sumiu!

Procuraram mas não encontraram.

O domador que o tratava tão mal, agora de medo tremia.

-Será que está na vizinhança?

-Será que ele pensa em vingança?

Agora era o domador quem fugia, sem saber para aonde ia.

Mas no circo ninguém mais soube o que aconteceu com o elefante e o circo seguiu viagem, seguiu adiante.

Mas o que ninguém conseguiu enxergar é que já muito longe no mar, o elefante por submarino se fez passar, corpo submerso na água e a tromba bem alta no ar.

E assim para casa foi nadando depressa,pois seus amigos o esperavam com festa.O elefante, contente, sabia que depois do mar ficava sua casa, sua floresta. E sua volta foi pura felicidade e na mesma noite todos os animais festejaram a liberdade.

Bernardo Bam

O Boizinho Azul

Uma vez numa fazenda do sul,

nasceu um boizinho azul.

Tinha os olhos de lua brilhante,

e o pêlo de um azul cintilante.

Era uma obra prima da natureza,

e por ali, nunca se viu tanta beleza.

E assim o boizinho na fazenda crescia.

Mas dele a bezerrada zombava e fugia.

O boizinho às vezes se entristecia,Mas o boizinho sabia,

que para os outros era difícil aceitar,

uma coisa que não se pode explicar.

E o boizinho foi ficando sozinho,

Não conseguiu sequer um amiguinho.

Mas um dia o boizinho pensou:

- Sou como todo bezerro.

- A cor do meu pêlo não pode ser meu erro!

- Nasci azul de cor.

- E por isso não vou mais sentir dor!

- Pois deixo vocês com suas dores!

- Eu sou azul e não tenho problemas com cores!

E foi sozinho pelas matas, caminhando entre flores.

Agora ele via de perto , tudo no mundo são cores.

- Aqui não importa a minha cor, pois sou amigo de uma flor.

E no meio da natureza, não existe motivo para tristeza,pois toda cor é repleta de beleza.

E quando a noite caía,

O boizinho não tinha medo e até sorria.

E no meio dos seus dizia:

-Moro dentro da minha cor,e por isso não sou mais sofredor.

No meio da noite na escuridão,

O boizinho não tinha medo da solidão.

Pois agora ele sabia ,

Que não existe lugar com mais calma,

Que não seja na nossa própria alma.

Bernardo Bam

Radiovaldo

Na casa lá na roça não tinha luz, e durante o dia era muito trabalho e à noite só cansaço.

Dormiam sem nenhuma distração, nem rádio ou televisão.

No fim da colheita o pai de Toninho comprou um rádio para alegrar as noites de cansaço e solidão.

-Mas que decepção!

Radiovaldo, rádio falador, não respeitava “seu”João.

Radiovaldo falava alto, pulava de estação em estação.

Não cantava música. Queria só para ele toda atenção.

E falava, falava sem prestar atenção, que quanto mais falava menos havia diversão.

E foi ficando calado de tanto ser falastrão.

Suas pilhas enfraqueceram, deixando Radiovaldo calado na solidão.

Pobre rádio falastrão.

As noites continuaram tristes, mas sem confusão.

Radiovaldo calado, agora só ouvia e prestava atenção.

E a família à noite ainda sentia solidão.

Foi quando Toninho, que conversava com ele toda noite, pediu a “seu”João quatro pilhas novinhas para colocar no radio falastrão.

“Seu”João relutou, mas concordou com a difícil situação.

E foi bem de noitinha, que Toninho tomou a decisão, colocou as quatro pilhas novinhas no rádio sem educação.

Quando começou a falar aprontou logo um barulhão. Falou bem alto!

Radiovaldo era mesmo um falastrão! Pulou de estação em estação.

Falou chinês e até alemão.

Todo mundo acordou para ver a confusão.

Radiovaldo teve tanto medo de ficar calado de novo, que pela primeira vez cantou a mais linda canção.

E assim noite adentro acabava uma e já começava outra canção.

Radiovaldo descobriu que tinha Toninho que para ele já se tornara um irmão.

E assim durante toda noite cantando sozinho, não sentia solidão.

Olhou para toda a família dormindo, falou boa noite baixinho e pediu perdão, de agora em diante chega de confusão.

Bernardo Bam

Meninos

O menino que pede esmola, não pode ir para a escola.

Ele tem dez anos agora, e um irmão pequeno que chora.

Na cidade, na multidão, esse menino é só um grão.

Sonha com famílias e casas.

Queria ter um par de asas.

E voaria por cima da cidade,

procurando a felicidade.

Dormindo no jornal, ele sonha com seu natal.

Pediria pai, mãe e um cão,

uma chupeta para seu irmão.

Quando acorda na calçada.

Queria amigos e namorada.

O menino e seu irmão,

passeiam pela estação.

Os meninos foram para longe de trem.

Mas no mesmo trem que se vai,

mais dois meninos vêm.


Bernardo Bam

Padre Santinho

Numa cidadezinha chamada Vila dos Passarinhos, morava Padre Santinho.

Padre Santinho era bem Velhinho, e todos na vila só andavam dizendo que Padre Santinho já falava com os anjinhos.

Padre santinho alegre conversava com todo mundo, até mesmo com os passarinhos.

Mas muita gente na vila acabava dizendo:

- Esse padre é maluquinho.

Mas Padre Santinho não ligava. Só rezava, e suas rezas voavam como passarinho, entravam nas casas à noite .

Entravam bem de mansinho.

No dia seguinte, quando acordavam, sem saber porque, acordavam rindo sozinhos.

Mas um dia veio para a vila um padre bem novinho e, depois daquele dia, não teve mais missa com Padre Santinho.

Nesse dia, Padre Santinho ficou triste olhando para um passarinho.

No outro dia, Padre Santinho foi embora bem quietinho. Foi morar no alto da montanha sozinho.

Todos na vila continuavam vivendo sem Padre Santinho.

Mas o que ninguém entendia era porque não mais acordavam rindo sozinhos.

Padre Santinho ficava na montanha rezando para a vila quietinho.

Um dia, Padre Santinho muito cansado, não acordou com os passarinhos. Ficou ali dormindo e no seu rosto havia um sorrisinho.

A vila ficou lá embaixo no seu cantinho. Sem missa, nem um passarinho. Tudo parecia sozinho. Naquela noite Padre Santinho virou passarinho, e passou por cima da vila voando baixinho.

Ele foi embora para onde vão todos os anjinhos.

E na manhã seguinte foi como mágica.

Todos, sem saber porque, voltaram a acordar rindo sozinhos.

Bernardo Bam

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Rio

Naquela cidade grande existe,
um rio pequeno etriste.
Sua água suja corredevagarzinho.
Mas esse rio nasceulimpinho.
Passar pela grandecidade,
foi sua infelicidade.
Os peixes fugiram dasua água impura.
Será que esse rio temcura?
Nas suas margens nãotêm mais plantas e nem bicho.
Pois ali agora élugar de lixo.
Nessa cidade depobreza e destruição,
esse rio se chamapoluição.
Mas o rio continua acorrer devagar,
ele tenta fugir parao mar.
Esse rio sujo edoente,
até parece criançacarente.
Ele viaja no seuleito como trem no trilho.
Ele sabe que do mar é filho.
E nas ondas do mar orio quer brincar.
E esse mar, como mãe,logo o acolherá.
Pois mais um filhovoltou para casa,
agora é só deixa-loentrar.





Bernardo Bam